Desde março, quantidade de anúncios no Airbnb têm queda de 24,07% na cidade de São Paulo.

Desde março, quantidade de anúncios no Airbnb têm queda de 24,07% na cidade de São Paulo.



por Rômulo Villela, atualizada dia 20/07/2020 às 13:15


Desde que a COVID-19 chegou ao Brasil e teve seu primeiro caso em meados do mês de março,
estamos acompanhando em tempo real os números de anúncios da locação por temporada. Isso pode nos dar algumas pistas das tendências que podem vir a ocorrer nos próximos meses.

Como base para esses dados estamos utilizando o AirDna,ferramenta que compila uma série de dados referentes aos anúncios publicados nas plataformas do Airbnb e Vrbo (antiga Alugue temporada e hoje parte do Grupo Expedia).

No gráfico ao lado vemos o histórico da quantidade de anúncios desde março de 2020.


No acumulado desde então, estamos com 24,07% de queda considerando o final de Março até o dia 20 de Julho.


O que isso pode representar?

Uma coisa é fato, milhares de imóveis estão deixando de ser anunciados para temporada no Airbnb e tendo outros destinos, seja para locação tradicional ou outra razão (venda, bloqueio temporário, exclusão de anúncio etc). Em momentos incertos como o que estamos vivendo com a pandemia, normalmente as pessoas buscam por alternativas mais seguras, mesmo que menos rentáveis no médio prazo, pois temem o pior: ficarem ser receita ou até mesmo amargarem prejuízos.

É compreensível, uma vez que com a paralisação do turismo no mundo inteiro as pessoas não têm se deslocado desde então. Naturalmente, a demanda do turismo como um todo despencou, empresas aéreas, agências de turismo e outros operadores que dependem do deslocamento de pessoas foram afetados como nunca antes visto na história. E as locações de curta duração estão dentro desse balaio.

Desde que houve um boom na revolução em como as pessoas alugam imóveis por curta duração, esta, sem dúvida nenhuma, é a primeira crise do setor de locação por temporada. Porém não uma crise por conta do mercado de locação por temporada em si, mas sim por uma influência maior que afetou todos os setores, em especial o setor de turismo que foi o primeiro a ser afetado e o último a se recuperar.

Não vou tratar aqui de uma possível crise no setor de locação por temporada pela alta oferta de imóveis que possivelmente pode acontecer nos próximos anos, vou me ater a situação em que vivemos hoje.

Oportunidade futura ou escolha certa para agora?

Sem dúvida quando tudo isso passar, as locações por temporada tendem a se recuperar e a confiança das pessoas também para disponibilizar seus imóveis para aluguéis de curtos períodos. Até que isso aconteça quem conseguir segurar mais tempo na crise, alugando por temporada, poderá vir a colher bons frutos nessa retomada justamente por termos menos oferta de apartamentos e com isso aquela demanda reprimida para viajar vai ser grande e como já conhecemos pela lei da oferta e da demanda, os preços tendem a subir pela oferta decrescente de imóveis que ocorre hoje.


Aqueles proprietários/administradores que migraram para outro tipo de aluguel como o tradicional, por exemplo, e deixaram de anunciar nas plataformas de temporada, queiram voltar ao mercado de curta duração e estejam 'presos' a uma locação de 30 meses poderão levar mais tempo para de fato voltar às plataformas digitais de temporada.

Os que optaram pela locação tradicional nesse período podem ter feito uma boa escolha, pois não sabemos quando o mercado irá voltar aos patamares de antes da pandemia. No final das contas, ao que tudo indica, a retomada verdadeira virá - e possivelmente com força -, após a descoberta de uma vacina. Nos últimos dias estamos vendo notícias positivas sobre isso.

Por outro lado, não sabemos o impacto que as locações por temporada terão no longo prazo até que de fato tenhamos uma normalização das locações tendo em vista que uma vez que a quarentena acabar, (o que já está havendo em muitas cidades no mundo e no Brasil) as preocupações de viagens, restrições etc tendem a perdurar por um certo tempo até que de fato as cidades e estados estejam com absoluto controle para voltar tudo 100% a normalidade. Mesmo havendo flexibilização, as pessoas não irão simplesmente voltar a fazer o que faziam de uma hora para outra.

Temos o cenário internacional também, cada país terá seu ritmo de retomada o que pode afetar também a vinda desses estrangeiros para o país, o que também contribui para a demora da retomada.

Um outro fator que só saberemos mais na prática depois que tudo acabar é a questão das viagens de negócios por conta do Home Office, será que isso vai impactar na demanda dos centros urbanos? Só esperando para saber.

Imóveis de praia, campo etc, tendem a atrair mais reservas porque estão atrelados a descanso, lazer e principalmente pela questão da segurança de estar em um local, comparado a grandes centros urbanos, mais isolados. Além de estarem relacionados também com uma demanda reprimida que quer mudar os ares ou dar um tempo dos grandes centros urbanos. Com isso, como já é possível notar, já existem muitas reservas com esse perfil.  Com o tempo e a retomada da confiança das pessoas, todos nós estamos ávidos para viajar para curtir uma praia ou outros destinos de lazer, mesmo que por um final de semana apenas.

O que devo esperar como dono de imóvel, então?

Ao se investir em um imóvel, seja para temporada ou locação tradicional, é importante que o proprietário saiba tomar decisões para minimizar perdas e maximizar resultados e ter a sensibilidade de entender, aliado aos seus objetivos, qual é o menor efeito colateral da sua decisão: ir para o tradicional buscando segurança, porém com o efeito colateral de perder a recompensa da retomada ou permanecer na temporada com risco de ter a rentabilidade prejudicada no curto prazo, porém com grande potencial de colher os frutos da retomada que muitos ficarão de fora?

E você, qual você acha que é a melhor decisão para o seu imóvel hoje?

Contribuiu com essa matéria Gabriel Navarro da Sabaidee Home.